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sábado, 31 de julho de 2010

chora

chora miolo seco
ferves-te a água do pote de osso por toda madrugada
veste agora tua cova dos trapos ásperos de nuvens
para trabalhar neste terreno desconhecido
para tingir com teu sangue de vinagre azedo
os teus calos que brotam nas ferramentas de lava arrefecida
esse será teu inferno rápido e eterno e teu paraíso
a gengiva
oca
as veias
estufadas
os cabelos
raros
a coluna
curvada
o pulmão
furado
o coração
entupido
o fígado
com moscas
o estômago
com crostas envenenadas
a bexiga
enrugada
a pele
repugnante
e você
feliz
velho
humano
cruel
em sua única vida
que já acaba

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