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sábado, 26 de dezembro de 2009

Dicas de Saúde e Beleza ou De Como Cultivar Pragas N.348

transtornar
transformar a coisa
engordar ( em Godard?)
engordar aquilo
tranquilo
engordar aquático
plástico
bolha
fazer a plástica plástica
esticar
esticar a estética
encolher a escolha
saber
saber saborear
e há?

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Dicas de Saúde e Beleza ou De Como Cultivar Pragas

conservar conselhos & concertar coelhos
mais de duas tarefas com tarifas altas
deslizando
ainda uso meu esqui esquizofrênico
a neve é nova
um conselho é esse:
é melhor devir do que remediar
( mas depende do remédio )

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Natal

o bacalhau, que minha avó prepara no Natal, é a parte mais saborosa do meu ateísmo.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

piratas, flores, bigodes e tábuas





















Fernando Pessoa:
- Nunca pude amar um poeta que eu conhecesse o rosto.

Eu:
- Ainda bem Fê, ainda bem...

Uras


katarô ( catarro)


auto-retrato-com-camisa-comprada-em-Beirute


início do exercício de armazenamento virtual de desenhos feitos no Paint


Como Cultivar Pragas

esterco com certeza
rajadas
e qualquer coisa com água
suco em pó e pardais
ou pombos
ou ratos
na falta de humanos

Dicas de Saúde e Beleza

incorporar o corpo

o diário de uma noitada

não me lembro

o diário de um diário

ríspido límpido
rebatizando as virtudes
vago

estou ficando velho

elevações de aurora
de outrora
meus olhos eles ainda espelhados
espalhados simples prisioneiros

socorro
me pedi aos meus pés
dobrado
quase atleta
como no momento do pulo na piscina
eu me pedi socorro
e evitei tocar os pontos doloridos



a velhice me acordou
e por acaso eu estava na cama
era um dia desses de semana
e eu voltei a dormir ou...

de tudo que já vi já vai a jarra cheia
que no sonho eu sonhava ao lado de uma cerejeira
(para quem nunca viu uma parece que é besteira )

aviolênciadeumaplumaquandoesbarra

nada
se compara

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Indicação Turística (2002)

Segue reto no reto
até chegar no cu na curva
turva
a taça de vinho e de desgraça
arregaça e entra
na molhada vida que se ausenta

Os Cães de Hilda Hilst

o lado mais delicado
raspei de repente
era fraco
e em frente
havia um buraco quente

Calar.Se (homemnagem postumum)

( afio a faca com afinco e a finco em frutos noites a fio )
riam ? rima ?
ainda isso ainda por cima. escuta:
rimaS
invertendo
fica Samir e eu rimo:
Samir é o nome do meu primo
e de milhares de primos
no Líbano
e no mundo.
Como agora não pretendo fazer crítica literária...
escuta: fico mudo.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Títola

em mim não se desgastou o desgosto.
em mim não.
em mi não.
em fá.
música:
isso deve nos ajudar.

(a tampa do tempo)

não quero me enjoar destas letras coladas umas nas outras
o quadrado reluzente na ausência de uma paisagem múltipla
da próxima vez deixo a cigarra morrer dentro da luminária
e a próxima vez pode ser a sensação da mesma tripa saliente
entornando-se em um enfeite de caverna
no esfregar de mãos de massagem
como se estes tremores fossem pensamentos desaparecidos
não quero me enjoar destas letras coladas umas nas outras
se é signo é de sangue e não designa formas
só o sono induzido por mantras de toques de telefones ocupados
colocaria em funcionamento tais sagas incompletas
e o que marca a enchente com o cal da tampa do tempo
que não ameaça ficar

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

pézinhu

rosa gloriosa em prato de macumba
macumba forte
que ninguém compra
nem vende
ziquezira
cafubira
sarna
bichera
pembabraba
velas negras em despacho automático
adorno morno
véi de barba
matemático fazendo previsões de fungos
distraído cachimbando
vira-língua
dá conselho
seduzido por traços rápidos de espadas de luz
traído nobre
fumaça pelas venta
um bocado atravancado
farejando chuva
cão de Lázaro
pipoca-chaga
pé no chão
reunião guardada
roda
panderim de coro
madrugada
sopro
sapo
cachaçada de cura

segura

ô branquelo - fica quéto

i

girinos gerando gírias em uma poça de óleo na garagem
isso não é um jogo de palavras, cretino acumulador de dor
as válvulas ovularam
faíscas se cansaram do invisível
a morte está cagando um século inteiro em tuas comemorações
em teu chapéu distintivo charmoso de miséria
o peso preso do resto
não há profecias fáceis nem conforto no contorno do mundo

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

salvando.rascunhos

esgotou a gota
em um brusco movimento (cuspo) e
sem espanto de susto
passo pano nos vidros da vasta
salvando os rascunhos
as unhas nos punhos
estas técnicas inovadoras de plantar bananeiras
e colher guardanapos desenhados com mostarda
mar não falha

pregos desprotegidos em direção reta
moscas pousando no nariz de um macaco
bem.vindo
árido linguarudo
- mesmo nenhuma banana? nem poemas ?

poema insaciado

quintocapítulo

um décimo
um décimo disso
um disco arranhado
no meio do início
um discípulo péssimo.
era esse o indício
de que havia algo errado.
não sei por-que ainda insisto:
edifícios
comércios
exercícios ridículos
um décimo
por acréscimo dispo
está decidido
encardido
encarnado
encadernado
em um décimo
em um quarto
em uma gaveta
em uma gaiola
uma gaivota
um graveto
uma gravata
uma granada
sim
um quarto de quartzo
um quarto de zinco
dividido
de(s)cido de cima de cinco:
- dicionários ordinários
- filtros físicos
- esboços boçais
- filósofos frívolos
- hospícios*



*obs: tombados pelo patrimônio histórico

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

sentítulo II

mesmo se um dilúvio abrisse
um último abrigo rigoroso
de uvas e caroços

eu escrevo meu corpo
torpor no topo

mesmo que um delírio abrace
um verdadeiro disfarce
de nuvens e carcaças

eu
escravo do meu corpo
torpor no topo

desobediente

domingo, 13 de dezembro de 2009

luzluz

( resguarda a minha fala rasgada
luz
agrada os olhos dos que não lembram de nada )

meu breu ?
vultos ?
minhas trevas ao avesso

luz

obedeço

Achei Um Nome Né

que o teu nome venha do grego
não é nenhum segredo
nem nada sagrado
que o teu nome venha errado
nas cartas pelo correio
na lista do supermercado

- o teu nome nômade made in infinito espaço
enfim
minha filha
minha folha
minha falha
o teu nome eu eu passo
asso sobre a pele do sol
depois pois engendro e encapo
com cuidado
muitos dos teus nomes e só

comprovante de resistência

alguém caiu na risada
e quebrou a bacia que estava com água
era para deixar de molho milhares de ecos
ecos secos
antes de tomar a tal dose de calmantes
disciplina de segurar peidos e receber pedidos:
inclina o clima
agarra a garra

o beiço temperado sabor bacon
vibrante aqui
sendo que um terço do berço é de puro xixi
( é onde descansa nossa harpa )

ai
as chaves se balançam na porta
e a porta parada é uma saída
a entrada

Coisas Que Preciso Lembrar

1- Fazer sinal da cruz quando passar na frente dos bancos.
2- Não se suicidar na frente das crianças.
3- Arrumar a casa com a ajuda de uma marreta.
4- Sorrir para os infelizes.
5- Amar uns e outros.
6- Se possível, ouvir Paganini mais alto que o barulho dos carros.

(pesovaranda)

merda por toda parte.
uma cidade-merda
amontoada e trabalhadeira.
não estou triste.
sei como funciona:
o querido leitor
leitão, leitoa
pesquisador de lamas atarrachadas
farejador de flores repugnantes
movendo-se sobre este palavreado sem brilho de gasto
arranhado
de tão polido
poderia e ainda pode
não ter escolhido
como supõe-se que escolhi
esta cidade-pesadelo.

cada passo que dou por estas ruas
é um passo para fora.

esta calmaria assassina nos pastos...
esta musiquinha de publicidade da desgraça...
e também esta iniciada lista de fracassos fracos e defeitos feitos...
para mim que não estou triste
poeta dos poetas por não sê-lo
que sabe como funciona
que se convenceu que sabe como funciona
eu, eu quero um vento forte agora
enquanto me acabo

Orquestra Filarmônica de Munique

já se vê uma fila harmônica
em frente ao teatro onde
logo mais receberá
a Orquestra Filarmônica de Munique:
que coincidência incrível
este incêndio de doenças
com as onças anêmicas estampadas
na camisa do homem que me aponta uma arma sem munição
ou seja
um 38 sem balas

soros e extratos

pro fundo profundo do mar e da terra erra a palavra desumana

( a palavra-pólvora que devora fora )
explosão brilhosa
( a palavra-lâmpada queimada )
esperança lúcida
( ignora )
...
( a palavra-pálida de soros e extratos de maresia )
os nomes dos barcos
palavras corroídas
e
as cores que se mexem machucadas

sábado, 5 de dezembro de 2009

se é que

adeus azeitonas do globo
disfarce de lobo em lago carnal
sangue no mangue
sobre a cama do camarim
no rins do rinoceronte que ama cenouras, senhoras
este é um reino arriscado
e não tão absurdo quanto um jovem surdo
dedilhando um piano branco em uma ilha turística de chás exóticos
o tom da elasticidade das lógicas
ritual de eletricidade das rochas
tetas de infiltração estufando os fios de um teto X do texto
exato
estrume une fresco aroma e arredonda
a coisa ao caso sagrado da casa do segredo
caras carícias ao açúcar mais raro branco rancor
em um bando de bondes estacionados em cima do ciclo
fino espírito do finado enfim
despi o rito irritado
voltando aos fatos
se é que

nova bostagem ++

nos espelhos espalhados freio:
comovente feio...
meu rosto veio
como o vento veio
e derrubou coqueiros
queiras me perdoar por doar ao mundo tantos devaneios
fui eu que quebrei as quadras
que dei as informações erradas
que passei as noites longe dos puteiros
fui eu que pintei os quadros
que herdei a mácula
que assei alface no lugar de cordeiro

Repetindo um Rap Tímido

( desista de pintar com listras
os muros suburbanos do desejo
arrume-se para algumas entrevistas
que bom mesmo é conseguir emprego )

'' "

acordo ferido desta punição inusitada
eu brincava suave e suava nos dormitórios dos demônios
nos ninhos escorregadios onde brotam defeituosos neurônios
e agora um canto interminável me dilata
é um som de nave som de máquina de nada
o organismo, um desprezo aos meus comandos
imbecilidades magníficas fábricas

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

( edição luxuosa para colecionador )

mergulha para fora do meu ombro
disse o poeta ao enfeite
era um feixe de luz sobre um papel branco
mas ele achou que era um peixe

nova bostagem +

sou da safra dos que sofrem da plantação dos que não colhem
e a multidão que me habita grita:
mais sobre as costas dos que não sabem
e sobem

nova bostagem

agem além amém
que assim seja
muito de perto
próximo-próximo
ninguém aguentaria a gritaria dos trompetes
e o brilho dos topetes
de tais anjos angelicais
amantes de tapetes
e castiçais de prata

é isso que me mata
é nisso que me atam

agem além amém
assim será
sinto aberto
óxido céu ácido coberto
de luzes de luz azul
no dia do juízo
ou melhor
na tarde do juízo
que sempre atrasa né
essa coisa de final

estátua tatuada

no ponto errado
d
desci na rua de cima
e ainda por cima
você estava toda molhada
de coco de pombo e de gasolina

estátua tatuada
viúva de generais
eu vou dormir na rua
não na casa dos teus pais
estátua tatuada
não se fala nisso mais
se você continua nua
nunca vai ter paz


sólida e só está esta estátua
pelas madrugadas drogadas das...

rascunho*

cheirar o próprio bigode
feito um bode
bárbaro
cheirar o próprio rabo, hábito
de um grande cão solitário
e rápido


que o vosso chuvoso sistema nervoso não tema as trevas da terra

A inveja da cerveja

fígado
filho em galho
gargalho teu trabalho
gargalo após gargalo
sem tampa

penas apenas

penas apenas
pernas de pássaros ásperos
transparente semente de vácuo
espuma despejada em cheiro cheio
que lava leve
e leva
ritmo íntimo
em maltratada praia de pedra
onde a onda anda
onde a onda ?
penas apenas

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

morangos?

e ele lá longe onde
fibra e caldo
anfíbio
lambia morangos em cachos
racionais morangos em caixas
que o lixeiro se divertindo deixou no chão
como uma oferenda ofendida

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Curso Básico de Filosofia Alemã

mostro os monstros
e pronto
pranto inacabado

qual espiral ?
bolas círculos em bandeiras nômades
que se escondem

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Curso Básico de Fotografia

um jato daquele jeito
um jato

efeito

enfeite, de fato
putrefato

Curso Básico de Esquizofrenia

minha mentira
eu amava mais que devia
e devia
botecos e cotovias nos fins de semana
agora tudo emana dos cochilos da destruição
e vai
vai o vagão invadido
um clima que arde raízes
cipós
e o dono impossível
minha menina mentira
eu amava mais que deveras
mas que severa primavera trazias

Curso Básico de Yoga

afrouxar a musculatura acumulada ao redor do mapa
a sensação de já ter escrito justamente tudo isso atrás do mapa
cortando rios secos sem cerimônias
ou pelo menos sem grandes cerimônias
grandes rios secos sem grandes cerimônias
pontas de pontes
e a sensação de estar perdido
sem diminuir o ritmo do rebolado
enfiando o dedo ainda mais fundo na direção errada
ou contrária
ou ao contrário:
encontrar traduções de tradições antigas anti-antigas
cores acorrentadas em conceitos complicados
em um copo de leite sem leite sem lápide sem lápis
e a sensação de já ter escrito justamento tudo isso atrás do mapa
crápula e fatal
tal qual a capa que pula
especial
para fora do faro

pequeno poema em homenagem ao Dezembro

Dezembro Dezembro
sempre lá quando não há
descendo
meu membro escorrendo por dentro
dez centros
sempre me nascendo primeiro
Dezembro Dezembro
eu me lembro:
deu zebra

sentítulo

contra o fundo daquela parede
quanta sede trabalhou comigo

tinha uma máscara-cara
violenta e lenta e violeta
tinha uma máquina-quina
cortante e rápida e fina

contra o fundo daquela parede
quanta sede trabalhou comigo

domingo, 29 de novembro de 2009

novapostage

a sedução desse
cenário luxuoso
caído sobre os fios
deixa como está
eixos
tornozelos feitos no torno
com o zelo do zero
com o zelo do zero de gelo
como se já não houvesse outros mais
é ali que ele mergulha

sábado, 28 de novembro de 2009

seja breve (1)

se fecha no fundo
escuto:
é um furo escuro

( servir de companhia )

o esforço
o esforço, por exemplo
do leve rumor sem rumo
e apagar a vela em aniversários clandestinos
e esculpir bengalas com cabeças de cavalo em cabos de vassoura
e não saber empregar o plural de não importa que língua
criar uma língua
e não se reconhecer no espelho pela manhã
com ou sem ressaca
não se reconhecer no espelho hora nenhuma
e usar relógios estragados
bermudas furadas no saco
cigarros apagados no meio
e tudo quanto for digestão
configura com figura
se espalhar pelo universo ao ver uma foto
ouvir uma música
e deixar o gato sair
e tirar melecas sem dificuldade
fazer bolinhas como Deus fez os planetas
e nascer em Paris no dia 09 de abril de 1821
e nascer em Cachoeiro de Itapemirim no dia 2 de julho de 2008
e olhar o mar e se sentir mais vivo do que nunca
e querer se matar pulando no rio
e esquecer telefones nomes ruas guarda-chuva e o inferno todo
e ter um amigo para chamar de filho da puta
e escrever bilhetes de amor em papéis de loterias
e isso só de começo
só de começo não ter início
e ainda assim
servir de companhia

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

TE END

de um modo ou de outro
um modo
de todo modo
morro
de um medo tosco
ou osso quebrado
ou nódulo duro
eu juro
corpo
te ouço
te amo
de um modo ou de outro
de um outro modo
calma
clamo
um pouco de molho
vermelho
corpo
te olho
te end

sábado, 24 de outubro de 2009


mais última

outono
ou tomo
tâmaras e tarântulas

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

exercício de armazenamento virtual de palavras 7

quero deixar uma proeza erguida
pois
sobre a mesa
eu molhei a vida

seja breve

memória de mármore
me abre
numa cor claridade
eu quase

exercício de armazenamento virtual de palavras 6

pele fina vidro de dor ser diluído
anoitece primitivo no meu confuso fuso horário
das vagas de agora me recrio em massa beleza

fudeu-me a solidão das lesmas

exercício de armazenamento virtual de palavras 5

trouxe ou se
de tanto ir
voltasse
apressado
dos afagos das filhas das ilhas
com suas hastes altas
extensas
e ainda larva oculta
de tempos descuidados

exercício de armazenamento virtual de palavras 4

guerreiro:
imersos cestos de imensos lombos
carregar no dedo
a comida dos monstros
pela própria força
devora
qualquer merda parecida com a glória

exercício de armazenamento virtual de palavras 3

tento:
os dentes dos detentos
e
o brilho da grade intocável
no canto mais escuro
a criança lendo em voz alta
uma revolta de entornar pingos

exercício de armazenamento virtual de palavras 2

tais são os sons brutais:
o espírito na aposta oposta da praia
inúmeros uivam
é um sinal
sirene
da fábrica soberba
sereia
e a vítima desmaia
me ouve
ou vê
me dê um grito
sem saia

exercício de armazenamento virtual de palavras 1

coisas:
diz
aprendiz de loucas coisas cruas ao redor da vertigem
fica melhor lá fora dos músculos
retirados
flutuando o peso do equilíbrio híbrido
que não reina seu reino

domingo, 11 de outubro de 2009

:::::

em um chão guardado
de manto e fase
a pequena raiz
não foi feliz
como já se sabe

::::

a fúria fura
do mais fundo
os castiçais
aliás
se quebraram
porque te amo
este ano
delicado
cada mundo

sábado, 10 de outubro de 2009

:::

o teu céu da boca é o meu palato duro
disse o poeta ao charuto

::

e continuo em tudo da morte
onde devo passar
num instante de gesto
que não existe

:

eram velozes
como convém
aos insetos
que matamos
no banheiro

domingo, 6 de setembro de 2009

15

o cérebro
caroço
para equilibrar-se ao umbral da porta
e voltar à biblioteca
como um homem desagradável

o dobro das orquídeas
após um crime
debaixo de uma almofada mofada
absolutamente lá


venha nos fazer uma visita

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

14

as vezes como neste momento
e toda vez que tento
dormir
eu quero
um remédio para dormir
um remédio simples
tipo um comprimido
um remédio que me faça dormir
dormir
babar
sonhar com o bicho do jogo do bicho
e até mijar na cama
ainda mais se amanhã fizer sol
como prometeu o jornal

(que sono a aurora ignora)

eu nasci meio-dia e cinco

já era tarde

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

13

esta parte você pode pular
eu pensei
e eu que pensava que pensava com ardor
com ar
com dor
ali nada
alinhava meus não sei
enfiei a mão vasculho
no meu bolso de carne
alguma moeda moída
entre os papéis que catei mais cedo e mais cego
na camada das sobras
eu pensei
esta parte você pode pular

12

um que coisa como eu gostava de chutar as pedras
sobretudo as pequenas ainda mornas ao fim do dia

enquanto eu juntava na boca uma quantidade consideravel
sendo considerada qualquer quantidade
de saliva para despejar sobre os carros estacionados
em cima do silêncio que eu precisava para te chamar
entre as cigarras o exato para te chamar de intensidade
vida de sangue invisível
vazio de morte ou um que coisa engraçada
como eu gostava desta pausa :
chega, parece que piora

11

mas antes
não suporto este antes que te deixa sobre as obras
cemitérios que te ensinaram juventude
( eles alegarão que estou doente)
(eu alegrarei -ME EM-estar doente)
(a doença mesmo se alargará, para longe)
mais forte
mais farto
mas antes
ruas antigas mais antigas que as ruas
voltei a respirar encaixando esta realidade de toque
os tapetes incensados de café já pronto
bem ou balbuciar
forças para tal
ainda cerimonias neuronais
paciencia livre de ossos
fumaça pelo nariz
como se comovidos
comessem

10

estou grávida
estou gravemente ferido
ávida

levem esta oferenda até a próxima página

9 ?

não são por mim enfileiradas as
24 horas de um dia

sento
ao lado desta fogueira apagada

parado
eu não diria estático

anciei, ancião, não: permaneci ansioso
esperando uma cagada de passarinho tocar
a pele do meu rosto
a minha pele do rosto
a pele do rosto
a pele


e do que sussurou sentiu parece pessoa
largou as meias as metas e pegou as calças
dobrou a bainha, como se fosse bainha de espada
e saiu de casa, neste caso
tanto faz se saiu ou se entrou
as bainhas podiam ter sido costuradas, pela avó

agora estou alegre encontrei esta tesoura
agora andar leve e sobre folhas, que machucam
e neste caso
tanto faz se machucam muito ou pouco

esse couro queimado de sol, se esticando

parado
eu não diria estático
nasceu-lhe esta lingua bizarra
recitando conjuntos de silêncio

é

senti o cheiro do buraco molhado do delírio
e foi assim
que se fez em mim
esse cheiro de terra ôca
não-cultivada

8

os dedos estão lá
o bambu estala
as nuvens são as chuvas
as chamas se apagaram
os dedos estão lá
o vento estava
as nuvens fazem curvas
as lamas se espalharam
já sei:
de tarde serei japonês

7

a foice da noite foi-se

6

cavalgaram-me? mas eu não aprendi a deixar, nas alavancas da máquinas, estilhaços de um cu entupido por chicotes ameaçadores: neste momento o monumento se desequilibra, demasiadamente na superfície, não fixa uma impossibilidade de quebra, pelo contrário, contrai o rio pelo centro, deixando emergir em fluxo um feixe atraente de lixo e peixe de pedra podre. e quente.

5

odeio e abro minha insolente ode solar

abro minha boca de barco e todas as tulipas fedem
e fendem

4

porque sou este animal escrevo

se fosse outro faria ninhos
coice casca veneno espinhos

outra ostra ou
mesma lesma

3

escrevo na terra com o meu chifre



a poesia fez meu parto e conduzirá meu enterro
caso eu morra
caso eu seja enterrado

terça-feira, 25 de agosto de 2009

2

as ambulâncias e os
pacotes abertos de leite
inventam jogos e caminhos de formiga

1

o mapa não é tão mágico
aceita minha mão arrebentando o que grita
tranquilamente
ainda o amor de longos cabelos brancos