BLOGXPLODE



sábado, 31 de julho de 2010

chora

chora miolo seco
ferves-te a água do pote de osso por toda madrugada
veste agora tua cova dos trapos ásperos de nuvens
para trabalhar neste terreno desconhecido
para tingir com teu sangue de vinagre azedo
os teus calos que brotam nas ferramentas de lava arrefecida
esse será teu inferno rápido e eterno e teu paraíso
a gengiva
oca
as veias
estufadas
os cabelos
raros
a coluna
curvada
o pulmão
furado
o coração
entupido
o fígado
com moscas
o estômago
com crostas envenenadas
a bexiga
enrugada
a pele
repugnante
e você
feliz
velho
humano
cruel
em sua única vida
que já acaba

...........................................................................

depois de mim,
sou o maior poeta que desconheço.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

caceta do nada tirano

meus neo-conterrâneos enterrados sabem que são periquitos peritos
em mamar a caceta do nada tirano
a vida é gostosa e é possível comprar respeito e queijo temperado
em discursos bocejantes de eventos públicos auto-referentes
inchados de comodidade nas cadeiras brancas de plástico tóxico

Como lidá com o facto de não ser lido

encontrei um escritor que declarou
não saber lidá com o facto de não ser lido:
(usava facto afecto e jacto
pois seus ancestrais lhe
proporcionavam porções em proporções de sentimentalidade lusitana:
somos todos derivados disso aqui no Brasil
onde existiu uma civilização tão maravilhosa
que não deixou erguida nenhuma parede fixa
pirâmides palacetes escravatórios prédios gigantes pias:
depois veio qualquer coisa até que nas mesas do boteco um diga:
- meu avó era espanhal minha avó da casa do caralho )
então
por aí ia
até que encontrei este escritor de jacto afecto e de facto
eu lhe disse:
deixa de bobera ô querido
isso de ser lido
é chato e dói us ouvido.

Sexologia

juro que um jumento focou com a pelota esquerda do olho um piolho
não
uma joaninha vermelha com 4 bolinhas pretas em comunhão descomunal
era meio-dia
não
era 10 e 90 da manhã cercada por pastos postos em fatias de cidade morta
e o jumento manteve a pica dura e o tremer da capa grossa
o rabo lambrecado de merda
merda que é mato
ou talvez um milho caridoso
e água
a égua se fazia de rogada e enrugada caminhava em círculo
embucetada
se penteando no farpado da cerca do circo
não
se despenteando no farpado da cerca de cera
advinhando uma larga penetração de leite
e disso
a vaca se gabava por não ser o gambá bêbado no pé da árvore

Canção de Minar

nunca vi poetagem trocando a toalha de mesa da Mamãe pervertida
embora eu saiba que exista
bamba é na corda meu equilíbrio de brilho de bengala
o bumbo da bateria em rock sem tradicionais taxas orixás de entrega de espírito
eu me revolto em todo contorno
levo até as cenouras das senhoras uma mordida banguela
as linhas das pipas degolando jovens de conta bancária precária e boa higiene
plantadores de maconha envergonhados são meus santos solares
quando procuro um motivo intesificante para um ruído que esfole a casca ilusão
não verificarei a ortografia desta flecha que se fecha se chove
e pouco me interessa se essa porta abre flores de conquista insuportável
é como o incoveniente de estar em um enterro e se julgar imortal em oração
enquanto micróbios percorrem o ar propagando covardia
obrigado pelo gado e bom dia

quinta-feira, 29 de julho de 2010

sOnOs

o que eu teria
além das olheiras
vigiando a ilha lilás mapeada por satélites lixos voadores
talvez fosse apenas pinos de fabricação caseira
um joelho frágil descendo a ladeira carnavalesca sacrificial
para descansar sobre a alça dos transportes de calor
um tempo em formato de ponto

bisgodofu.blogspot.com ( Filho da Pupa )

filho da pupa!
- constatei cascatas palavrórias e
catei na tua barba um graveto resistente -

não há razões espaciais
para que eu lhe ofereça enfurecido
odes ou aids ou
homenagem próstota
ilustramentos de amiguicícimus
puras putas em rodoviárias
goles de pinga amarela ao lado de sebos sebosos
bíblias beats sem capa
ou qualquer reflexo de luz no ferro de passar roupa

isso
não me poupa o suco doce de futuras frutas arredondadas ?
vulgaridades...

vamos
estávamos falando nada com nada
louco de clínica não
louco de fábrica

tive que me permitir tais quintais de pensamento gasoso
e parei de novo em posição esquecedoura

> lavo o fio dental depois do uso
e o guardo dentro de uma meia listrada
dentro de uma caixa de charutos nacionais
até agora já juntei quase dois metros
meu dentista se orgulha
o acupunturista tatuador turista
mergulha a agulha
mas não dói
eu te entendo
(mentira)

terça-feira, 27 de julho de 2010

domingo, 25 de julho de 2010

Tabacaria n.2

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser Fernando Pessoa.
Não sou poeta.
Não sou nada mesmo.
Decididamente não sou poeta.
Nunca serei Fernando Pessoa.
Nunca serei eu mesmo.
Não sou nada.
Nem poeta.
Nem nada.
Não posso querer ser nada.
Não tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Tenho só uns trinta.

domingo, 18 de julho de 2010

(3) 522

Vai:
tirando aquela do hospício o fim de semana
assim chamado pelo alto solavanco do contorno montanhoso
e num têm jeito se é certero
depois de Baco em cuica
passei de aluno até dormir aos pés da paz
pois se tem escola de samba
é porque tem aula
e eu tive aula de samba
dois dois dias gaguejando cantos
( iii rapá tem tanta coisa sem explicação)
que bom

...

terça-feira, 13 de julho de 2010

sábado, 10 de julho de 2010

o sushi das descobertas

já faz década que desci degraus

obrigado pelo sushi das descobertas

obrigado

somos felizes agora em nossa cabana inacabada

entendi tendões estalos
percepção parecida
decepção decepada

lâmina

só de noite aceita meu comando variado

e sobre o assoalho fosco

uma foto

minha

a língua de fora sobre uma vela acesa

Pintura no Rancho do Imperador




e o privilégio deste experimento oco

mundo

só formas a forrar
o núcleo do caixote piscando sonhos
eles também
em
solo esburacado
( quando os corpos não dançam ? )

não estar cheio e esvaziar-se

dançar um pequeno vazamento

imensidão

não ter dentro
ter um dentro todo fluxo
sangue excrementos ossos
a gelatina dos ossos
e
genitálias plantas carnívoras
autónomas
outonos impossíveis de pararem

incomparáveis

nova bestagem

não leia o livro que não publiquei
nem as vitrines das lojas em promoção:
procurei e me afastei das prateleiras dos livros:
senti um pavor de me misturar com o que já conheço
não leia:
ei-la

sexta-feira, 9 de julho de 2010

em minha haste ateas-te fogo

terça-feira, 6 de julho de 2010

a gruta melada onde encontrei Deus incrustado em meu Corpo.