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quinta-feira, 27 de agosto de 2009

14

as vezes como neste momento
e toda vez que tento
dormir
eu quero
um remédio para dormir
um remédio simples
tipo um comprimido
um remédio que me faça dormir
dormir
babar
sonhar com o bicho do jogo do bicho
e até mijar na cama
ainda mais se amanhã fizer sol
como prometeu o jornal

(que sono a aurora ignora)

eu nasci meio-dia e cinco

já era tarde

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

13

esta parte você pode pular
eu pensei
e eu que pensava que pensava com ardor
com ar
com dor
ali nada
alinhava meus não sei
enfiei a mão vasculho
no meu bolso de carne
alguma moeda moída
entre os papéis que catei mais cedo e mais cego
na camada das sobras
eu pensei
esta parte você pode pular

12

um que coisa como eu gostava de chutar as pedras
sobretudo as pequenas ainda mornas ao fim do dia

enquanto eu juntava na boca uma quantidade consideravel
sendo considerada qualquer quantidade
de saliva para despejar sobre os carros estacionados
em cima do silêncio que eu precisava para te chamar
entre as cigarras o exato para te chamar de intensidade
vida de sangue invisível
vazio de morte ou um que coisa engraçada
como eu gostava desta pausa :
chega, parece que piora

11

mas antes
não suporto este antes que te deixa sobre as obras
cemitérios que te ensinaram juventude
( eles alegarão que estou doente)
(eu alegrarei -ME EM-estar doente)
(a doença mesmo se alargará, para longe)
mais forte
mais farto
mas antes
ruas antigas mais antigas que as ruas
voltei a respirar encaixando esta realidade de toque
os tapetes incensados de café já pronto
bem ou balbuciar
forças para tal
ainda cerimonias neuronais
paciencia livre de ossos
fumaça pelo nariz
como se comovidos
comessem

10

estou grávida
estou gravemente ferido
ávida

levem esta oferenda até a próxima página

9 ?

não são por mim enfileiradas as
24 horas de um dia

sento
ao lado desta fogueira apagada

parado
eu não diria estático

anciei, ancião, não: permaneci ansioso
esperando uma cagada de passarinho tocar
a pele do meu rosto
a minha pele do rosto
a pele do rosto
a pele


e do que sussurou sentiu parece pessoa
largou as meias as metas e pegou as calças
dobrou a bainha, como se fosse bainha de espada
e saiu de casa, neste caso
tanto faz se saiu ou se entrou
as bainhas podiam ter sido costuradas, pela avó

agora estou alegre encontrei esta tesoura
agora andar leve e sobre folhas, que machucam
e neste caso
tanto faz se machucam muito ou pouco

esse couro queimado de sol, se esticando

parado
eu não diria estático
nasceu-lhe esta lingua bizarra
recitando conjuntos de silêncio

é

senti o cheiro do buraco molhado do delírio
e foi assim
que se fez em mim
esse cheiro de terra ôca
não-cultivada

8

os dedos estão lá
o bambu estala
as nuvens são as chuvas
as chamas se apagaram
os dedos estão lá
o vento estava
as nuvens fazem curvas
as lamas se espalharam
já sei:
de tarde serei japonês

7

a foice da noite foi-se

6

cavalgaram-me? mas eu não aprendi a deixar, nas alavancas da máquinas, estilhaços de um cu entupido por chicotes ameaçadores: neste momento o monumento se desequilibra, demasiadamente na superfície, não fixa uma impossibilidade de quebra, pelo contrário, contrai o rio pelo centro, deixando emergir em fluxo um feixe atraente de lixo e peixe de pedra podre. e quente.

5

odeio e abro minha insolente ode solar

abro minha boca de barco e todas as tulipas fedem
e fendem

4

porque sou este animal escrevo

se fosse outro faria ninhos
coice casca veneno espinhos

outra ostra ou
mesma lesma

3

escrevo na terra com o meu chifre



a poesia fez meu parto e conduzirá meu enterro
caso eu morra
caso eu seja enterrado

terça-feira, 25 de agosto de 2009

2

as ambulâncias e os
pacotes abertos de leite
inventam jogos e caminhos de formiga

1

o mapa não é tão mágico
aceita minha mão arrebentando o que grita
tranquilamente
ainda o amor de longos cabelos brancos