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terça-feira, 18 de maio de 2010

Flor que se cheire II

as roupas estão peladas.
jamais desprezei torneiras.
meu filho cresce até minha barba.
fumaça engrossa com luz.

nesta

nesta manhã me galho inato
em colorações dos cães que se coçam e choram focinhos
pelo menos parece um choro o agudo do clarinete
fabricado pelos mesmos sonos de mato
a mancha desejado do barro esclarece
a vibração das gotas conto sozinho
e marco meu papel círculo de mestre
com piscadas fagulhas de incrível tranquilidade

segunda-feira, 17 de maio de 2010

C

calculei nau meus problemas de ângulo e engulo
raízes ásperas
pêras
iscas
maçãs maciças
sem sair do obstinado obscuro

sem sair do obstinado obscuro
as lembranças desesperadas de amigos gagos
nas mãos de osso
anéis túneis
o uivo do vivo


estou examinando imprecisões encharcadas
a transparência dos fatos estufados em frio

o dia inacaba com minha obra

que a dor não se faça em superioridades
do prazer de sentir coisa alguma coisa

domingo, 16 de maio de 2010

flor que se cheire

tentasse cabelos brancos na espera esfera
uma bicicleta ex-vermelha em pedais
e a vara oval da luz olhava verbo
do saco de lodo em cheio


criei calos de contemplar o Itapemirim

( que já chamo de minha futura Veneza fraturada )

domingo, 2 de maio de 2010

Cloaca Universal ( primeira versão original in Belo Horizonte, início do século)

Caí do berço estomacal do mundo
e desencarnei a casca antediluviana que anseio sugar

triunfante me afundei em rosas formações rochosas
até fêmeas felpudas desfazerem fetos fedorentos de ratos humanos
robustos e desamparados

fui esfaqueado por germes gêmeos
com venenos velozes e posto
dia após dia
sob uma mesa de alquimia

um pequeno poro recheado de ociosas preciosidades

para o parasita que hesita sonhos de isca
tumores que saboreiam células lisas e
torturas em florestas retas
na maldição melancólica de que existe um começo maior
ou menor, para aquém de toda menstruação residual e resignada
de toda possível possessão primária

a novidade é a crueldade
ou sóis entupidos de cupidos deprimidos
ou vacas sagradas em vitrines trincadas
ou esculturas nos lençóis dobrados de um hospício

um belo espetáculo de pétalas e tentáculos

ponta de algum dedo que espeta pardais atrás do pôr-do-sol

depois que eu terminar de empurrar os ossos de rubi roubado
trago mais ruínas

pressionando a ponta da caneta nas tubulações do meu aquário
raspo restos de fôlego

QUE QUALQUER ESPAÇO POSSA PARIR BATALHAS