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domingo, 2 de maio de 2010

Cloaca Universal ( primeira versão original in Belo Horizonte, início do século)

Caí do berço estomacal do mundo
e desencarnei a casca antediluviana que anseio sugar

triunfante me afundei em rosas formações rochosas
até fêmeas felpudas desfazerem fetos fedorentos de ratos humanos
robustos e desamparados

fui esfaqueado por germes gêmeos
com venenos velozes e posto
dia após dia
sob uma mesa de alquimia

um pequeno poro recheado de ociosas preciosidades

para o parasita que hesita sonhos de isca
tumores que saboreiam células lisas e
torturas em florestas retas
na maldição melancólica de que existe um começo maior
ou menor, para aquém de toda menstruação residual e resignada
de toda possível possessão primária

a novidade é a crueldade
ou sóis entupidos de cupidos deprimidos
ou vacas sagradas em vitrines trincadas
ou esculturas nos lençóis dobrados de um hospício

um belo espetáculo de pétalas e tentáculos

ponta de algum dedo que espeta pardais atrás do pôr-do-sol

depois que eu terminar de empurrar os ossos de rubi roubado
trago mais ruínas

pressionando a ponta da caneta nas tubulações do meu aquário
raspo restos de fôlego

QUE QUALQUER ESPAÇO POSSA PARIR BATALHAS

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